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Horário de verão não vai gerar economia para Minas Gerais, diz Cemig

Adoção de tecnologias, entre outros fatores, impede economia

30/09/2024 às 20h58 Atualizada em 02/10/2024 às 10h24
Por: Redação Fonte: Diário do Comércio
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Crédito: Cesar Olmedo / Reuters
Crédito: Cesar Olmedo / Reuters

Estudos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) em relação ao horário de verão e à possível economia gerada pela medida apontam, de forma preliminar, para uma neutralidade na redução do consumo, caso o governo federal decida retomar o regime suspenso há cinco anos.

De acordo com a companhia, essa neutralidade, ou seja, a estabilidade do consumo, acontece principalmente em função da adoção de lâmpadas mais eficientes nos últimos anos — como as compactas e as de LED — em residências e em vias públicas, e da popularização de equipamentos de climatização, como ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, que contrabalanceiam a demanda.

A Cemig Distribuição é responsável pelo atendimento a mais de 9,2 milhões de clientes no Estado.

E, conforme informações da empresa, pela legislação vigente, a Cemig compra energia com antecedência, em contratos de médio e longo prazos, possuindo contratos de compra para atender a todo o seu mercado, incluindo uma previsão de crescimento até 2032.

Estiagem puxou o debate sobre o retorno do horário de verão

O retorno da adoção do horário de verão virou possibilidade em meio à seca recorde que assola o País e à proximidade dos meses mais quentes do ano. Isso porque a maior parte da energia elétrica brasileira, cerca de 50%, vem das usinas hidrelétricas.

Com a estiagem, os reservatórios perderam volume, o que gerou um alerta em relação às usinas.

A justificativa inicial da recomendação do retorno do programa, divulgada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), é que resultaria em uma diminuição da demanda de energia elétrica de 2,9% e uma economia de R$ 400 milhões entre os meses de outubro e fevereiro para a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Eficácia do horário de verão na atualidade é questionada

Entretanto, a eficácia da medida tem sido questionada e considerada desatualizada por alguns especialistas, como é o caso do consultor de mercado de energia da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Sérgio Pataca.

Na visão dele, um embasamento técnico mais aprofundado seria necessário para entender se, atualmente, essa política geraria economia energética. Ele explica que o Brasil possuía um pico de demanda energética no fim do dia, o que não é mais a realidade atual.

Há alguns anos, em razão do aumento das temperaturas, da melhora do poder aquisitivo do brasileiro e da popularização dos aparelhos de ar-condicionado, esse pico passou para o período da tarde (por volta das 15h), o que compromete a eficiência da medida, uma vez que não atenderia o horário de pico atual.

“Em 2019, quando o governo acabou com o horário de verão, havia embasamento técnico que provava que não havia um impacto efetivo na redução da conta de luz”, comentou. Esse argumento, reforçado por outros contrários à mudança de horário, efetivou a suspensão da medida.

Hoje, o que o especialista da Fiemg percebe é que, de lá para cá, houve uma mudança significativa, mas não no perfil de consumo. “O que mudou nestes últimos cinco anos foi a geração de energia. Hoje, a geração solar consegue atender 30% da carga no pico”, esclarece.

Para ele, é necessário um estudo técnico bem fundamentado com foco na geração de energia. Do contrário, a implementação do horário de verão nos moldes atuais “não funciona e não faz sentido”.

“O horário de alta demanda, que hoje é entre 13h e 15h, ainda é bem atendido pela geração solar, e esse atraso de uma hora no relógio não resolve, pois não alcança o horário de pico. Atrasar uma hora não faz mais sentido. Um estudo mostraria o que seria necessário fazer, talvez atrasar até três horas. Mas isso seria viável? Só o estudo dirá”, comenta.

Pataca defende que, da forma atual, “a economia é pequena para o dano que se vai ter”. Outra questão que ele levanta é que, para este ano, o prazo está apertado para a realização do estudo e implementação.

“As associações do setor aéreo, por exemplo, já publicaram nota dizendo que precisariam de, no mínimo, 180 dias para adaptação”, comentou.

Sobre o horário de verão

A primeira vez que o horário de verão foi implantado no Brasil foi em 1931, pelo governo do então presidente Getúlio Vargas, ainda de forma intermitente.

Apenas a partir de 1985 o horário virou uma regra anual e foi uma realidade até 2019.

 

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